O Fluminense
Por: Lívia Neder 26/07/2011
Responsáveis pela construção de novas edificações públicas e privadas em Niterói, com mais de 500 metros quadrados, terão que incentivar a partir de agora o reúso da água. Os prédios deverão implantar sistemas para a reciclagem das “águas cinzas” – utilizadas nos chuveiros, banheiras, lavatórios de banheiros, tanques e máquinas de lavar. A determinação consta na lei nº 2856, sancionada ontem pelo prefeito Jorge Roberto Silveira. O objetivo da proposta é induzir o uso racional da água, mas os condomínios também saem ganhando, pois a medida vai diminuir consideravelmente a conta d’água.
A nova norma, de autoria do vereador Paulo Bagueira, presidente da Câmara, estende obrigações da lei municipal 2630, de 7 de janeiro de 2009, que trata do reaproveitamento da água das chuvas. Para o prefeito Jorge Roberto Silveira, com a implantação de novos sistemas de reciclagem de água, Niterói está cada vez mais no rumo da sustentabilidade.
“Tenho o maior empenho em avançar nas questões ambientais, sobretudo nas que sejam inovadoras como esta”, declarou Jorge Roberto.
A Prefeitura explica que a lei só trata de novas edificações porque obras de adaptação para este tipo de sistema são caras e muito complicadas. E, segundo o Executivo, a diminuição na conta d’água em locais que contam com o método chega a 60%.
De acordo com a norma, novas obras que tenham volume potencial de consumo igual ou superior a 20 metros cúbicos de água por dia devem possuir sistema de coleta e tratamento das águas cinzas.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Fernando Guida, explica que sistemas de reúso de água cinza já estão implantados, por iniciativa de construtores, em 18 edifícios residenciais e uma empresa de ônibus na cidade. Segundo ele, o retorno financeiro da implantação dos sistemas de reutilização é obtido em poucos meses, com a economia nas contas de água.
“Essa lei, pioneira no estado do Rio, é fantástica porque preserva a água, que em regiões metropolitanas está cada vez mais escassa, e diminui a necessidade de importação de outros municípios. Em Niterói, somos abastecidos com a água de Cachoeiras de Macacu e com a nova norma podemos ficar mais independentes”, disse o secretário.
As únicas águas que não podem ser reaproveitadas nos sistemas que devem ser implantados são as oriundas de vasos sanitários e de pias de cozinha, porque a maioria da população ainda tem o hábito de despejar óleo pelo ralo, o que dificulta o tratamento e pode entupir canos e sistemas de tratamento.
Em Itacoatiara, um condomínio inaugurado em abril deste ano já conta com o sistema de reaproveitamento das águas cinzas. De acordo com a construtora Call, este foi o primeiro empreendimento concebido pela empresa com vários itens de sustentabilidade.
“A princípio, iríamos fazer apenas o aproveitamento da água das chuvas para a rega dos jardins e limpeza da área comum. Mas antes do lançamento, fizemos um estudo sobre a possibilidade de utilizar o sistema de reúso para a produção de água para as descargas sanitárias, que são consideradas as grandes vilãs do nosso consumo de água”, conta o diretor comercial da construtora, Rodrigo Alves.
Ainda de acordo com o diretor da empresa, a economia comprovada está na ordem de 30% do valor da conta de água. Ele informa que o investimento foi médio e a expectativa é de que o retorno financeiro não ocorrerá em curtíssimo prazo, mas, por ser tratar de um edifício, que vai durar décadas, a construtora acredita que em dois ou três anos o sistema já esteja gerando lucro aos moradores.